Gente, a internet tá precária na minha vida espanhola: bastante regulada! E por isso blogar com muita frequência tem sido mais difícil do que o previsto, além do escasso tempo livre (temos passeado bastante e quando chego em casa estou esgotada!)
Mas, chega de mimimi e vamos ao que interessa? Sim, há alguns dias visitei a linda cidade de Córdoba, aqui na Andaluzia. Mesmo tendo sido um bate e volta desde Málaga (1h de trem), deu para aproveitar bastante.
Já sabem que eu não gosto muito de blogs de viagem com a pegada Wikipédia, mas algumas informações básicas sobre a cidade para que alguns possam compreender me parecem necessárias: Com 300mil habitantes, a cidade que hoje se chama Córdoba já chegou a ter 500mil habitantes em 975dC, graças à poderosa ocupação árabe. Lá tinham mesquitas, universidades, bibliotecas, muita arte e filosofia. Hoje pouco sobrou desse esplendor todo, mas o que ficou é de impressionar. Uma cidade com uma história que inicia em 152aC com sua fundação, hoje tem um aspecto cativante e outro assustador. Achei a cidade de hoje com todas as suas laranjeiras adorável, mas a marca da dominação intolerante católica (inclusive com uma sede da inquisição) me deu arrepios…
A uma caminhada de 15 minutos da estação central de trem está o bairro histórico chamado Judería, que era o antigo reduto dos judeus, mas beeeem antigo tá? Coisa de 500 anos ou mais. A Judería hoje é repleta de restaurantes, lojas de suvenires, pracinhas, museus, ruelas estreitas, turistas e… carros ameaçadores! Eu gostei muito da vibração desse bairro, odiei as calçadas/calçamentos com pedrinhas pontudinhas – Atenção: em Córdoba se caminha muito, com sobes e desces, e essa calçada machuca os pés, um sapato beeem confortável com sola grossa é fundamental (me arrependi de não ter ido de tênis).


No coração da Judería fica a Mezquita, que na verdade e a catedral de Córdoba. A mesquita fundada em 785 foi finalmente convertida em catedral no século 16. Turisticamente ela é chamada de Mezquita, mas oficialmente é a catedral de Córdoba. Acho baixo chama-la de mesquita sabe? Pois não o é, lá ocorrem sistematicamente liturgias católicas e mesmo ainda contendo os elementos fundamentais de uma mesquisa como mirhab, os muçulmanos são proibidos pelo Vaticano de rezar ali. Então acho feio chamar de mezquita só para chamar atenção…

Com seus arcos vermelhos e brancos é uma das imagens mais emblemáticas dos nossos livros de história para se ilustrar a ocupação moura na região.
Visita-la me despertou sentimentos muito contrastantes:
O Pátio de los Naranjos logo na entrada é lindo, suave. Dá para imaginar outrora a área de ablução que fora. Ao entrar no recinto levei uma lufada: uau como é grande. Os arcos bicolores estão de fato por todo lado, e no meio dela a catedral, com direito a grandes órgãos e tudo!
Em frente um pouco mais se encontram paredes lindamente ornamentadas ao estilo mudéjar e o mirhab (elemento decorativo de mesquitas que indicam a direção para onde o fiel deve se voltar para rezar) e outros elementos finamente decorados. Tudo isso está protegido por grades, e os guias de turismo que estavam lá afirmavam que aquela era a área mais importante da catedral. Oi? Que contraste!!!
No folder que nos dão na entrada havia uma ‘reflexão’ que dizia que esse patrimônio da humanidade não estaria disponível e bem conservado se não fosse pela igreja católica! Ah vá, de onde veio isso? Agora só se conservam os patrimônios pela graça da igreja?
Pensar em toda a intolerância religiosa que nos cerca desde sempre me deu tristeza, e o gelo que estava lá dentro me fez querer sair rapidinho. Sei lá, foi o tipo de atrativo que sonhava em conhecer, gostei mas quis fugir….
A visita custa 8 euros, não se pode cobrir a cabeça para entrar (homens) e recomendo entrar antes das 10h para evitar fila de compra de ingressos.
Saindo da catedral, caminhamos até a Ponte dos Romanos, que é de suspirar: linda, com o rio Guadalquivir correndo forte como se fosse chocolate e uma paisagem belíssima e inclusive um moinho d’água mouro original.
Na volta da Ponte para a Judería, visitamos o Castelo dos Reis Cristãos, custa 4 Euros para visitar e acho que vale muito a pena! Era uma fortaleza para reis cristão e chegou a ser a sede da inquisição espanhola (arrepios). Tem torres que podem ser subidas e conferem bonitas vistas da cidade, mas o destaque em minha opinião são os jardins! Segundo meu guia, está entre os mais bonitos da Andaluzia, e eu não duvido!
Depois do almoço tentamos muito tomar um chá, mas as casas de chá apesar de serem bem bacanas estavam todas lotadas e com um garçon cada uma: ou seja desistimos, e isso que entramos em 3!
Também tentamos visitar a sinagoga, mas ela fecha para visitação as 14h45. Dessa feita visitamos a Casa Sefardi (Casa de Sefarad: casa de la memória) por 4 Euros. São 3 pisos que contam a história dos sefardis na Andaluzia, em uma casa original do século XIV. Não tem muitos móveis, mas roupas, artesanatos, imagens e símbolos judaicos tem bastante. Gostei da visita, mas não a considero imperdível, é em certa medida mais do mesmo: recordar recordar e recordar, relembrar aos algozes que sobrevivemos (havia paredes completas com nomes de judeus que foram queimados pela inquisição). A noite haveria espetáculo de flamenco, mas não alcançaríamos pela hora do trem.
Na volta para a estação ainda visitamos um muvucado and animado mercado, chamado Victória. E paramos numa cafeteria para tomar uma bebida quente.

Demos umas voltas pelas ruas de comércio, cheias de gente como sempre por aqui. E marchamos rapidamente para a estação.
Foi um dia feliz, com surpresas turísticas e históricas importantes, voltaria facinho para Córdoba, inclusive (como se é de esperar) moraria lá!
Gostei de Córdoba, fiz basicamente o q vc fez, em um bate-volta tb, mas fiquei com vontade de visitar a Medina al Azhara que não consegui pq era fora de mão… (http://pt.wikipedia.org/wiki/Medina_al-Azhara)
Fernanda, também tive vontade de visitar esse lugar, mas penso que seria necessário dormir.
Mas deve ser legal mesmo. Abração.
Achei muito, bonita e interessante as laranjeiras com muitas frutas e ninguem colhe? Até parece se o Brasil, onde td. tem que ser muito bem cuidado, com sete chaves e mesmo assim…
Abçs.
Acho que ninguém colhe porque é muito azeda!!!!!
Beijos.
Nossa, adorei Córdoba, mas o que mais gostei já sabe né prof, as fotos divas. Obrigada pela dedicatória e não esqueça: loira e diva, muah!
Risinhos! Vamos ver se acho uma diva como a Shakira pra tirar foto divante com ela!!! Hihihi
Hum! Esse jardim…me fez lembrar da beleza e cuidado daqueles que visitamos na Alemanhae Paris…Nunca vou me esquecer deles lindos e maravilhosos..Como é bom se visitar qdo se tem capricho!…Aproveitem bem tudo de mais belo que há, viajar é assim mesmo ver coisas boa, bonitas e nem tanto…Beijuuuu
Sim, lugares lindos mesmo. Beijão.